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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Porquê ser Cristão?


Mesmo perante as expressões religiosas naturais mais merecedoras de estima, a Igreja apoia-se, portanto, sobre o facto de a Religião de Jesus, que ela anuncia através da Evangelização, pôr o homem objectivamente em relação com o plano de Deus, com a sua presença viva e com a sua acção. Ela leva-o assim, a encontrar o mistério da paternidade divina que se debruça sobre a humanidade. 

Por outras palavras, a nossa religião (tentativa de Religar e Reler a nossa existência à luz do nosso criador - Deus) instaura efectivamente uma relação autentica e viva com Deus, que as outras religiões não conseguem estabelecer, se bem que elas tenham os braços estendidas para o céu, e desta forma, entre todas as religiões há sempre um ponto em comum, a busca de um transcendente, a busca de Deus enquanto tal. 
Por isso, a Igreja conserva bem vivo o se espirito missionário e deseja mesmo que ele se intensifique neste momento histórico que nos foi dado a viver.

Valor da Tradição e do Magistério da Igreja


A Tradição verdadeira é uma raiz, não é um vinculo; é um património insubstituível, um alimento, um recurso, uma coerência vital. Que seja este tesouro de que o sábio Cristão extrai as coisas novas e as coisas velhas, como o Senhor nos ensina, não é que se possa dizer-se facilmente e em poucas palavras: é necessário precisamente, um crisma especial, o magistério eclesiástico, ao qual foi assegurada, especialmente nos momentos decisivos, a assistência do Espirito da Verdade.

Ao Magistério cabe a missão de ensinar, de guardar, de interpretar a doutrina da fé e de lhe determinar as aplicações da vida vivida.

A fé que a Teologia tenta compreender é a fé da Igreja; a fé professada por toda a Igreja, guardada e interpretada autenticamente pelo Magistério ordinário e extraordinário, confiado por Jesus Cristo aos Apóstolos e aos seus sucessores. Portanto a Revelação e o Magistério constituem uma união natural e inseparável.

Segundo o Concilio Vaticano II, "é evidente que a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja, segundo sapientíssimo plano de Deus, de tal modo se relacionam entre si, que um sem os outros não se mantém.

A Virgem Santíssima


A Sagrada Escritura do Antigo e Novo Testamento e a venerável Tradição mostram o modo progressivamente mais claro e como nos põem diante dos olhos o papel da Mãe do Salvador na economia da salvação. 
Os livros do Antigo Testamento descrevem a História da Salvação, na qual se vai preparando lentamente a vinda de Cristo ao mundo. Esses antigos documentos, tais como são lidos na Igreja e interpretados à luz da plena revelação ulterior, vão pondo cada vez mais em evidencia a figura de uma mulher, a Mãe do Redentor.

A esta luz, Maria encontra-se já profeticamente delineada na promessa da vitoria sobre a serpente (Gn 3,15), feita aos primeiros pais caídos no pecado. Ela é, igualmente, a Virgem que conceberá e dará à luz um filho, no qual se chamará Emanuel. É a primeira entre os humildes e pobres do Senhor, que confiadamente esperam e recebem a salvação de Deus. Com ela, enfim, excelsa filha de Sião, passada a longa espera da promessa, se cumprem os tempos e se inaugura a nova economia da salvação, quando o Filho se Deus dela recebeu a natureza humana, para libertar o homem do pecado com os mistérios da sua vida terrena.

A Sagrada Escritura como Revelação de Deus


A CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA " DEI VERBUM "

O problema da Sagrada Escritura preocupou, desde o principio, o Concilio Vaticano II. Este documento é o mais importante que a Igreja produziu sobre a Bíblia.
A Igreja ouve religiosamente a Palavra de Deus como se não pudesse deixar de ser. A Palavra de Deus convoca, convida cada homem a participar na comunidade.
O concilio declara-se seguidor dos concílios de Trento e do Vaticano I, para dizer que na Igreja há continuo progresso no conhecimento e na vivência da Palavra. A DV integra tudo o que de positivo há nesses concílios e avança para novos caminhos. 
Por ultimo o concilio apresenta-nos o seu programa, que é expor a genuína doutrina sobre a Revelação Divina e a sua transmissão.


Capitulo I : A Revelação em si mesma
                  Natureza e conteúdo da Revelação

A Bíblia é a revelação da pessoa de Deus que se mostra pela sua (P)alavra e todo aquele que ESCUTA a Palavra não é mero receptor da mesma, mas sim alguém que recebe os segredos que Deus dá a conhecer. Dai Cristo ser a máxima expressão da Revelação de Deus à humanidade porque Ele é a Palavra de Deus que se faz pessoa. Este gesto amoroso de Deus tem como finalidade estabelecer uma relação intima e amigável de Deus com a Humanidade.

O acontecimento histórico e a palavra profética explicam-se mutuamente. A Bíblia nasceu da vida de um povo para explicar e lhe dar sentido RELIGIOSO que RELIGA e RELÊ a nossa existência à luz de Deus.
O Deus da Bíblia é um Deus que fala e que nos dirige a sua palavra. Esta palavra é o modo de Ele se nos revelar, o modo mais perfeito de dizer quem é e o que quer de nós, Ele criou-nos para dialogar connosco. o próprio dialogo já é um entregar-se de uma pessoa a outra por excelência porque é nele que o mais intimo se COMUNICA à outra. Ora a palavra que daquele que dialoga connosco é o instrumento, o veiculo desta entrega de um eu a um outro dialogante.
"Aprouve a Deus, na Sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo".
Ele revela-se na criação, onde a beleza da sua face transparece na luz do sol e no encanto das flores. Mas revela-se sobretudo na sua Palavra e a grande Palavra de Deus é JESUS CRISTO, a Palavra eterna que se desfez nas Palavras Humanas. 

A Bíblia é uma carta de amor em que o amigo fala aos seus amigos, é uma revelação do amor feita com amor.

Deus, ao criar e conservar todas as coisas pelo Verbo oferece aos Homens um testemunho perene de si mesmo na criação, além disso, ao propor abrir o caminho da salvação sobrenatural, manifestou-se desde o principio aos primeiros pais.

No devido tempo, Deus chamou Abraão, para fazer dele um grande povo, a quem depois dos patriarcas, ensinou por meio de Moisés e dos profetas, para que O reconhecessem como único Deus e verdadeiro, o Pai providente e o juiz justo e esperassem o Salvador prometido - preparando assim, através dos tempos, o caminho ao Evangelho.

DEUS PREPARA O CAMINHO AO EVANGELHO

Deus não tem História porque esta para além dos limites da temporalidade inerente ás coisas criadas. A história consiste nos momentos sucessivos do tempo e por isso, os homens e o povo tem uma história, apesar de não ter história, Deus acompanha o homem na sua história concreta e acompanha cada povo, porque o ama como ama a cada homem.
Mas Deus quis fazer uma história com um povo em especial, o povo de Israel. Uma história que se chama História da salvação, porque quando Deus intervém é para salvar o Homem, para o libertar de toda a escravidão e tal está patente no Êxodo. Mas a intervenção de Deus é continua e permanente, mesmo para além do acontecimento fundamental da história da salvação que é Jesus Cristo. Ele é vértice da Revelação de Deus á Humanidade, porque a palavra incriada, tornou-se uma Pessoa falante no meio de nós.

CRISTO, CENTRO DA REVELAÇÃO

A revelação de Deus feita em Jesus e por Jesus é perfeita e insuperável porque Ele não só diz a ultima Palavra de Deus como Jesus se torna a própria palavra que actua e realiza na sua vida a palavra do Pai, ou seja, nele se une a Palavra e o acontecimento da história da humanidade.

O Homem é incapaz de conhecer a Deus por si mesmo, porque não pode transpor a barreira que o separa dele, é demasiado pequeno e débil para o conseguir e só Deus pode quebrar com as barreiras que existe entre o finito e o infinito, entre o natural do sobrenatural, entre o Homem e Ele mesmo. Movido pelo Seu amor, Deus "DESCE" à humanidade que tem a Sua máxima expressão em Jesus de Nazaré.

Jesus confirma aos discípulos que estaria connosco até ao fim dos tempos, isto supõe que Ele é o mesmo Deus que esteve com Moisés, que falou pelos profetas, que fundou a Igreja e que enviou o Espirito Santo para dar continuidade à Sua obra aqui na terra. Portanto, como diz o Concilio Vaticano II, não é necessária nem pode acontecer  mais uma revelação publica. Como Cristãos temos que ser imagens vivas de Cristo.

A FÉ DEVIDA À REVELAÇÃO 

De nada adiantaria a Revelação ao Homem se este não a aceitar e sem a aceitar, a revelação Deus não seria possível. É aqui que reside o pecado mortal do Homem que interdita a intimidade do relacionamento com Deus. A fé é sempre um dom gratuito ao Homem para que este possa de Deus saber o que Deus quer revelar, ou seja, Deus dá ao homem o único meio de o conhecer: a fé. Fé que tem como conteúdo: Deus e a sua Palavra.

VERDADES REVELADAS

Ao manifestar-se, Deus manifesta a sua vontade, os seus projectos a respeito do homem. Não se trata apenas de uma vontade ditatorial, mas de uma vontade salvifica. O Concilio Vaticano I diz que Deus se manifesta aos homens para os tornar participantes dos bens divinos.
De realçar ainda também, que aquilo que nas coisas divinas não é inacessível à razão humana pode ser conhecidos por todos facilmente, com firme certeza e sem mistura de erro, mesmo na presente condição do género humano.


Capitulo II: Transmissão da Revelação Divina
                  Acção dos apóstolos e Evangelistas

Cristo, em quem toda a Revelação de Deus omnipotente se consuma, mandou aos apóstolos que pregassem a todos o Evangelho prometido antes pelos profetas e por Ele cumprido e promulgado pessoalmente, comunicando-lhes, para isso, os dons divinos como fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes. Coisa que foi fielmente reservada e preservada quer pelos Apóstolos, quer pelos varões apostólicos, que sob a inspiração do mesmo Espirito, escreveram a mensagem da salvação. Porém, para que o Evangelho fosse perenamente conservado integro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os bispos como os "seus sucessores entregando-lhes o seu próprio lugar de Magistério."

Podemos afirmar que a Revelação de Deus não se faz aos indivíduos em particular, mas aos indivíduos em grupo, em comunidade, assim como foi feita outrora a Revelação de Deus ao povo de Israel e assim como Jesus que quando pregava seria para todos.
Podemos perguntar: 

PORQUE JESUS NÃO ESCREVEU UM EVANGELHO?

Graças a Deus os acontecimentos são sempre maiores que as palavras e quando se escreve, é porque não se consegue conter a vontade de guardar e por isso, sobressai o desejo de se falar.
Ora a mensagem que Jesus nos trouxe para nos comunicar mão se pode reduzir a determinada escrita em mais ou menos livros, porque a sua mensagem trata-se da sua própria pessoa.

Jesus de facto mandou os discípulos pregar a Boa-Nova (mas que autoridade incrível) e os meios deste anuncio é a pregação oral. Todavia, alguns dos seus apóstolos e discípulos começam a escrever mas a escrita desta mensagem teve etapas:
Primeiramente apanharam-se as colecções de parábolas, milagres, ditos e discursos do Senhor e só mais tarde (entre 65 e 90) aparecem os 4 Evangelhos e os outros escritos do Novo Testamento. 
Depois Mistério ser entregue dos apóstolos aos bispos, estes passam a ser zeladores da mensagem até aos dias se hoje, onde ainda se vê que pela Escritura e pela Tradição, Deus a falar aos homens de boa vontade.

TRADIÇÃO E ESCRITURA


Aquilo que foi transmitido pelos apóstolos abrange tudo quanto contribui para que o povo de Deus viva santamente e progrida na sua fé. Esta tradição, que nada mais significa que o trazer da história até aos dias hoje e não no sentido tradicional da coisa em si, que deriva dos apóstolos, progride na Igreja sob a assistência do Espirito Santo. A verdade é que a Igreja, no decorrer dos séculos, tende constantemente para a plenitude da verdade Divina, até que nela se realizem as palavras de Deus.
Mediante esta tradição, a Igreja conhece o cânon inteiro dos livros sagrados, e a própria Sagrada Escritura nela se vai completando mais profundamente pois não há Escritura sem Tradição. O Espirito Santo assume desde logo um papel preponderante neste acontecimento porque faz com que a Palavra de Cristo habite em nós abundantemente.

Toda a Tradição é história e é na História que realmente Deus fala, o mais curioso é que tudo e tudo passa, só Deus permanece, note-se a eternidade de Deus. Evidentemente que o conhecimento e a inteligência do Homem foi crescendo e não se pode exigir do texto uma interpretação literal, mas sim alegórica, ou seja, tentar perceber o que esta por "detrás da letra".

A Tradição tem três características:

1- reforça a estabilidade da Revelação na Igreja. Tal Revelação encontra-se sobretudo nos livros considerados inspirados, ou seja, na Bíblia.
2- esta Tradição prove ao desenvolvimento da fé que é historicamente  progressivo, portanto, da-se pela pregação do Magistério do Papa aos Bispos, aos quais está inerente o Carisma da Palavra.
3- a liturgia é uma das grandes fontes da Tradição eclesiástica. Foi também pela Tradição, desde sempre no seu uso litúrgico, que a igreja descobriu quais os livros inspirados, pertencente ao cânon das Escrituras. É ainda pela Tradição penetrada pela fé que a igreja encontra o verdadeiro sentido das Escrituras. A tradição é a história que o mesmo Deus revelador  continua a fazer na e com a sua igreja.

QUAL A RELAÇÃO ENTRE ESCRITURA E TRADIÇÃO?

O Concilio diz que as duas estão intimamente ligadas. No entanto, esta unidade esta a ser continuamente ameaçada de tal modo, que os protestantes não atribuem grande valor à Tradição ou nem sequer a admitem, mas "unicamente à Escritura" como dizia Lutero. No entanto defendem que a Escritura não se pode desligar da fé da Igreja, vê-se desde logo que Lutero até podia ser bem intencionada e bom homem, mas de teólogo não tinha nada. Ele não sabia o que estava para ali a dizer. Como nos chega a fé da igreja que hoje professamos? Não é pela Tradição?. Sem entrar em polémica antiprotestante, afirma o Concilio que a Escritura é a Palavra de Deus, mas é a tradição que a transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos. 
Portanto, a Tradição sem Escritura de nada vale e se não houvesse Escritura a Tradição já não era Tradição. Daqui a conclusão do Concilio: " A IGREJA NÃO RECEBE A SUA CERTEZA A RESPEITO DE TODAS AS VERDADES REVELADAS APENAS DA SAGRADA ESCRITURA. POR ISSO, AMBAS DEVEM SER RECEBIDAS E VENERADAS COM IGUAL AFECTO DE PIEDADE E REVERENCIA".

A Tradição é historicamente anterior à Escritura porque antes de serem escritos, foram transmitidos e conservados nas tradições orais. A escrita é um fenómeno posterior à oralidade. No que ao Antigo Testamento se refere, passaram-se por vezes, séculos até que um texto oral se tornasse Escritura. A Escritura é um vinculo da mesma Tradição, uma forma mais estável e palpável da Tradição oral. A Escritura seria, assim, uma parte da Tradição, certamente a mais fidedigna.
Porém a Escritura converte-se como que em substancia da Tradição como aquilo que é mais digno de ser recolhido e transmitido, pelo critério sempre basilar da fé. Reparemos a passagem de João 20'30-31:" Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele".

A Escritura tem assim a sua génese na Tradição. Mas como nem toda a Tradição passa a Escritura, a Revelação transmite-se por dois canais distintos e complementares: Escritura e Tradição.
QUAL JULGA QUAL?
A principio era a Tradição que julgava a veracidade da Escritura, dos primeiros escritos. Com o correr dos séculos, a Escritura tornou-se autónoma, independente .

RELAÇÃO ENTRE ESCRITURA! TRADIÇÃO E O MAGISTÉRIO DA IGREJA

A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só deposito da palavra de Deus, confiado à Igreja. Porém o múnus de interpretar autenticamente a palavra de Deus contida tanto na Escritura como na Tradição foi confiado ao magistério vivo da Igreja. Este Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas apenas ao seu serviço, não ensinando senão aquilo que lhe foi transmitido, enquanto, por encargo Divino e sob a assistência do Espirito Santo.

O problema que se coloca agora é o de saber qual o papel do Magistério em relação ao "depósito sagrado da palavra" e também a relação existente entre o Magistério e os fieis. O seu relacionamento com a Palavra é o mesmo com os fieis: ou vê e guarda a Palavra numa atitude de serviço para com a Palavra e não de autoridade sobre a mesma.


Capitulo III: A inspiração Divina e a interpretação da Sagrada Escritura
                   INSPIRAÇÃO E VERDADE DA SAGRADA ESCRITURA


Sem margem para duvidas e nada mais claro e evidente, o concilio diz que as verdades reveladas por Deus, que se encontram na Sagrada Escritura, foram escritas sob a inspiração do Espirito Santo. A Santa Mãe Igreja, por fé apostólica, considera como sagrados canónicos todos os livros tanto do Antigo como Novo Testamento com todas as suas partes, visto que, ao terem sido escritos por inspiração do Espirito Santo, têm Deus por autor porque Deus é uno e trino ao mesmo tempo, isto é, porque é Pai, Filho e Espirito Santo. Mas mais tarde vou explicar como.
Todavia, Deus para redigir os livros sagrados, escolheu e serviu-se de homens na posse das suas faculdades e possibilidades para que, agindo neles e por meio deles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele quisesse. Assim, já que tudo quanto os autores inspirados afirmam dever ser considerado como afirmado pelo Espirito Santo, se deve acreditar que os livros da Sagrada Escritura ensinam firmemente e fielmente SEM ERRO a verdade que Deus quis fosse consignada nas Sagradas Letras para nossa salvação.

São livros canónicos aqueles que tem por autor o Espirito Santo. E cânon significa desde já, o conjunto dos livros que a Igreja considera "regra" ou "norma da fé".
Deus não teve outra maneira de se manifestar senão pela Palavra, pois se a evidencia dele fosse tão Índia, certamente deixaria de ser mistério e de certa forma a nossa liberdade acabaria. Deste modo, Deus falou aos homens pelos homens e obviamente que se serviu das suas faculdades como a linguagem e por isso, a Bíblia sendo ela Palavra de Deus acima de tudo, também ela é palavra humana. De facto nada nega que a Sagrada Escritura possa conter erros, pois encontram-se de facto alguns, mas no que concerne à escrita e não à essência, ou seja, a Bíblia não é um livro cientifico, é um livro de fé e no que toca a este ponto, não pode haver erros porque se Deus nos quer falar e revelar-se, não nos pode enganar. (Santo Agostinho).

A verdade é proposta e expressa nos textos de diferentes modos, ora de um, ora de outro, em géneros históricos, proféticos ou poéticos, ou ainda em quaisquer outras maneiras de falar. Por isso, é necessário que o interprete busque o sentido que o hagiógrafo, em determinadas circunstancias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir, e de facto, exprimiu, com a ajuda dos géneros literários usados na época. A SAGRADA ESCRITURA deve ser desde logo lida e vista à luz do mesmo espirito que foi escrita e foi vivida. 
Esta tarefa pertence aos EXEGETAS trabalhar para entender e expor mais profundamente o sentido da Escritura.
Para estudar Bíblia, é preciso estudar os seus géneros literários: o seu contexto social, político e liturgico, etc... Compreender os modismos da linguagem semita, seu modo de pensar, é importantíssimo para qualquer estudo serio da Bíblia e sobretudo, para saber o que quer o Senhor por detrás de tais palavras.


A SABEDORIA DE DEUS ADAPTOU-SE À LINGUAGEM HUMANA

Na verdade, as palavras de Deus expressas por línguas humanas, tornam-se semelhantes à linguagem humana, como outrora o Verbo do Eterno Pai, assumindo a carne da fraqueza humana, se tornou semelhante aos homens.


Capítulo IV: O Antigo Testamento
                    Contém o plano de Deus revelado ao povo de Israel

Havendo pois, estabelecido a Aliança com Abraão e com o povo se Israel, por meio de Moisés, de tal modo se revelou em palavras e obras junto do seu povo eleito, como único Deus verdadeiro e vivo, queixarem pôde conhecer por experiência os desígnios de Deus acerca dos Homens e, com ajuda do mesmo Deus, falando pelos profetas. Portanto, a economia da salvação, predita, narrada e explicada pelos autores sagrados, está nos livros do Antigo Testamento como verdadeira palavra de Deus. 
Todo este plano de Deus fica a metade porque o Antigo Testamento anuncia-nos a chegada de um Messias, que mais tarde se descobre que é Cristo, rosto divino de Deus.

Por isso, os Cristãos devem aceitar devidamente os livros do Antigo Testamento porque se trata do mesmo Deus do novo Testamento. O Antigo Testamento revela já o rosto verdadeiro de Deus ao homem e o o seu modo de agir para com os mesmo homem.

o Antigo Testamento tem coisas imperfeitas, não porque Deus faça coisas imperfeitas mas porque pela sua condescendência, se adapta à imperfeição do homem e lhe vai dando a mão para o conduzir ao mais perfeito. É como um professor que primeiro ensina as letras, depois junta-as, lê e escreve até que finalmente esse aluno vai para a faculdade e essa faculdade é Jesus Cristo. - o Novo Testamento.

RELAÇÃO MUTUA DOS DOIS TESTAMENTOS


Deus autor e inspirados dos livros de ambos Testamentos, dispôs sabiamente que o Novo Testamento estivesse escondido no Antigo Testamento.
Autor em que sentido? Foi Deus quem ditou ou escreveu os livros?
É de facto uma pergunta que percorre desde sempre os estudiosos até porque não encontram uma resposta unanime. 
Quanto à unidade dos dois Testamentos, o concilio afirma que o Novo Testamento já estava escondido no Antigo Testamento e que o Antigo só se encontra plenamente resolvido no Novo Testamento. O Antigo é a raiz, o Novo por sua vez é a árvore visível.
O Concilio afirma ainda que a leitura conjunta dos dois Testamentos é necessária para a compreensão dos mesmos. Pois se o Antigo só adquire a perfeição no Novo, este também só se compreende com prévio conhecimento do Antigo.


Capitulo V: O Novo Testamento
                   É testemunho perene e divino da obra de Cristo.
 
A Palavra de Deus apresenta-se e manifesta-se eminentemente nos escritos do Novo Testamento. Pois quando chegou a plenitude dos tempos, Cristo estabeleceu o Reino de Deus na terra, manifestou o seu pai e a sua mesma pessoa com obras e palavras, e completou a sua obra mediante a sua morte, ressurreição e gloriosa Ascensão. Sendo levantado da terra, atrai todos a si, Ele que é o único que tem palavras de vida eterna.
O Novo Testamento não é simples continuação do Antigo porque acontece algo no Novo Testamento que ainda não estava no Antigo Testamento: a Palavra de Deus torna-se palpável, Pessoa. Esta Palavra é Jesus Cristo.

ORIGEM APOSTÓLICA DOS QUATRO EVANGELHOS

"Porque são o principal testemunho da vida e doutrina do Verbo Encarnado, nosso Salvador"
É nos Evangelhos que encontramos mais viva e atuante a Palavra e a Pessoa de Jesus Cristo. Porque? Não é porque Jesus de Nazaré tinha dito ou tal afirmação, tenha feito este ou aquele milagre, mas porque o ressuscitado continua na Igreja com o seu Espirito e atesta que os Evangelhos são verdadeiros. Não é por terem sido escritos com recursos humanos que eles ganham força, mas simplesmente porque o Espirito Santo, enviado por Jesus depois da sua Ascensão, garante a verdade dos Evangelhos por aquilo a que chamamos INSPIRAÇÃO.

A origem apostólica não deve ser entendida materialmente, no sentido em que foram realmente os apóstolos a escrever os Evangelhos, a afirmação entende-se no sentido em que a doutrina deles contida é realmente a que os apóstolos receberam de Jesus e transmitiram na sua pregação. Portanto, esta afirmação significa, antes de mais, que os evangelhos são portadores de uma mensagem que tem uma intima ligação ao Mestre. Os apóstolos, melhorais ninguém puderam dar testemunha com toda autenticidade daquilo que aprenderam de Jesus Cristo. A menção dos "quatro Evangelhos segundo MATEUS, MARCOS, LUCAS e JOAO" atestam que eles são os autores enquanto escritores dos mesmos. Contudo, dificilmente se explica que uma única pessoa esteja na origem da totalidade de cada um dos Evangelhos. Eles são mais o produto da pregação e da reflexão de uma determinada comunidade do que uma única pessoa - a pessoa do evangelista.

O QUE SIGNIFICA A HISTORICIDADE DOS EVANGELHOS? É VIÁVEL?

Ela é um facto. Todavia temos de entender o termo historicidade no sentido em que os evangelistas davam ao conceito da história e historicidade, ou seja, o concilio admite que o trabalho próprio dos pregadores e dos redactores dos quatro Evangelhos, que poderíamos resumir do seguinte modo:
A) seleccionam o material existente
B) interpretam tradições
C) explicam a mensagem anunciada por Jesus
D) omitem o que não lhes parece pertinente para a situação e para a fé da Comunidade em que trabalham
E) abreviam a mensagem segundo as necessidades da Igreja em causa
F) especialmente na redacção dos Evangelhos: juntam perícopas, fazem transposições de textos escritos segundo o próprio esquema teológico, dramatizam determinadas cenas, imprimem ao texto determinadas características de estilo próprias.

Os Quatro Evangelhos são também mensagem humana, isto é, palavra de Deus para o Homem de sempre mas já aplicada, inculturada para o homem concreto do tempo dos Apóstolos e para as circunstancias concretas de cada Igreja local.

OUTROS LIVROS DO NOVO TESTAMENTO


Este ponto, o concilio diz que para além dos quatro Evangelhos, o Espirito Santo esteve presente está na origem dos outros livros do Novo Testamento. Não para dizer coisas absolutamente novas, mas para explicar o inesgotável mistério de Cristo, que está presente e é relatado nos quatro Evangelhos: nestes escritos "são confirmadas todas as coisas que se referem ao Senhor". Deste modo podemos dizer que as cartas de Paulo e dos restantes escritores sagrados são "Evangelho" os Actos dos Apóstolos são continuação do terceiro Evangelho, e "narração dos começos da Igreja"; as Cartas Católicas são explanação dos Evangelhos, e impróprio Apocalipse se intitula "Revelação, de Jesus Cristo".

O concilio pretende reafirmar um dos grandes problemas bíblicos da já longa história da Igreja: o problema do Cânon. Isto porque os hereges ou grupos cristãos marginais admitiam outros livros que a grande Igreja teve que combater, a fim de conservar pura a Verdade recebida de Cristo por meio dos seus apóstolos.

Capitulo VI: A Sagrada Escritura na Vida da Igreja
                   Regra suprema da fé e fonte de pregação

A Palavra de Deus, que é palavra de Cristo, e o pão da vida que é Cristo são indissociáveis e isso torna-se regra suprema da fé, juntamente com a Sagrada Tradição. Porquanto nos tem falado os santos apóstolos e os profetas pela Escritura, a Palavra de Deus por eles inspirada, mantém imutavelmente a sua forca, a sua vida até aos dias de hoje.
É preciso, por isso, que os Cristãos se alimentem e se orientem pela Sagrada Escritura. E tão grande é a forca e a virtude da palavra de Deus, que ela se torna apoio e o vigor da Igreja e fortaleza da fé para os seus filhos, alimento da alma, fonte pura e perene de vida espiritual.

A IGREJA VENERA A SAGRADA ESCRITURA

O concilio insiste na ideia de que a Bíblia é e sempre foi essencial na vida da Igreja. Dai a feliz compreensão das duas mesas.
Perante a Reforma Protestante, a Reforma Católica pretendia também a renovação da Igreja. Mas como a Bíblia se tinha tornada uma arma nas mãos dos protestantes, a Igreja, por instinto de conservação e de auto-defesa, agarrou-se a outra arma, a da tradição e regulamentou o uso da Bíblia. Dai o decreto da autenticidade da Vulgata e a proibição de ler a Bíblia em traduções modernas sem explicações.

As intenções da Igreja eram louváveis: defender a fé dos fieis de qualquer interpretação errónea da Bíblia.

A encíclica " PROVIDENTISSIMUS DEUS" é ainda muito apologética defendendo a Bíblia do racionalíssimo bíblico. Mas exalta a excelência, utilidade e eficácia da Sagrada Escritura na vida da Igreja e alerta para o conhecimento e ensino das ciências bíblias.
Leão XIII queria promover os estudos bíblicos da Igreja.
Havia caminhos abertos para que a bíblia pudesse, finalmente, iniciar o dialogo sério com as ciências. A igreja já não se sentia envergonhada perante o protestantismo porque tinha feito progressos significativos no campo das ciências bíblicas. O papa fala nas escavações arqueológicas na palestina, depois fala no estudo das línguas bíblicas , da critica textual e dirime a questão do valor da bíblia chamada Vulgata. Pela PRIMEIRA VEZ se afirma, oficialmente, os estudos de exegese devem ser feitos sobre o texto original. Quanto  à Vulgata diz que ela tem unicamente valor jurídico como texto oficial da Igreja latina, mas não tem valor critico especial. Deve ser lida na liturgia mas nas traduções é preciso ir aos textos originais.
O papa diz ainda que os sentidos da Escritura são o sentido literal e o espiritual. Porém, A GRANDE NOVIDADE DESTA ENCÍCLICA, é o acento posto na atenção e estudo de géneros literários presentes na bíblia. O sentido literal de um texto só pode ser captado depois de conhecer o género literário.
Deste modo, Pio XII da liberdade de investigação aos estudiosos da bíblia e diminui a tensão existente entre bíblia e ciências. MAS estes problemas referiam- essencialmente à interpretação do Antigo Testamento no qual a Igreja não Tinha ainda apresentado uma solução oficial.
Podemos dizer que esta encíclica foi a preparação próxima daquele documento fundamental para os estudos bíblicos desde a metade do século XX. É uma encíclica com vista a promover o futuro e a orienta-lo, todavia, teve dificuldades e estas residem em levar à pratica o que tenciona fazer, que era levar a todo o povo de Deus. 


A encíclica " SPIRITUS PARACLITUS" alerta já para a leitura reverente e assídua da Sagrada Escritura. Trata o importante problema da inspiração bíblica e oferece caminhos novos para defrontar as dificuldades históricas da Bíblia. Não deixa de lamentar os excessos a que alguns chegaram na aplicação dos métodos científicos às ciências bíblicas.
Assume ainda uma atitude defensiva em relação à historicidade dos livros da bíblia.

Mas foi Pio XII quem deu à Igreja a grande encíclica bíblica que preparou, doutrinalmente, a "DEI VERBUM". 
A " DIVINO AFFLANTE SPRITU" aconselha, oficialmente, o estudo dos géneros literários da Bíblia e concede a liberdade aos peritos em questões bíblicas, o que não era tão comum até então, devido ao racionalismo protestante.


ESCRITURA, REGRA DA FÉ DA IGREJA

A Escritura é "norma suprema da fé" porque interpreta a Escritura através da tradição e por isso, assim a Escritura é norma fundamental da Igreja.
Ao lado da Escritura, o concilio afirma que a tradição também é regra suprema da fé, pois esta tradição significa o processo e o conteúdo da transmissão da Verdade revelada que, em ultima instancia, tem a sua nascente na pregação originaria de Cristo e dos apóstolos.

Poros concluir assim das "duas fontes" da verdade mas de dois modos de manifestação de uma mesma corrente inspirada - vivida e falada e depois escrita - que regula a fé e a praxista da Igreja, através da rica bipolaridade de uma palavra garantida por um texto, e de um texto animado com uma palavra sempre viva. Por isso, diz o concilio que é preciso que os cristãos vivem da Sagrada Escritura. Trata-se de dois caudais indissociáveis que teem uma única nascente, a Revelação em que o "Pai que esta nos céus em amorosamente ao encontro dos seus filhos e conversa com eles".
A Inspiração não é acontecimento que deve ser posto de lado tão pouco, ela é continua e coroa a inspiração bíblica, em vista da palavra e da acção, e tende a conservar o que foi dito na Escritura. Primeiro é uma inspiração pastoral e só depois uma inspiração escrituristica, pois antes de ser escrita, a mensagem é vivida e falada. Esta experiência vive-se no texto escrito, no qual estão presentes, como um maravilhoso resume querido por Deus.

ESCRITURA, FONTE DE VIDA PARA A IGREJA

A Bíblia torna-se fonte de vida espiritual para toda a Igreja e para cada Cristão em particular. É tempo de vermos na Bíblia esta fonte de vida e superarmos o falso conceito da Bíblia como catalogo de verdades dogmáticas, lista de preceitos ou documento histórico.
O concilio reafirma que a Bíblia que a Bíblia é meio de salvação para todo o crente, um mistério da graça e do amor de Deus para a Humanidade, como a Incarnação. Não é documento morto, arqueológico, mas realidade viva, base de toda a pregação, inserida no coração do mistério da Igreja que deve alimentar.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A Bíblia ou Sagrada Escritura


A Bíblia é um livro difícil de ser explicado sobretudo por ser uma palavra humana. Falar de Deus caímos no erro do antropomorfismo, ou seja, falar de Deus pelas nossas categorias.
Todavia, não são os estudos mais aprofundados sobre a bíblia nem ouvir a palavra de Deus que está por detrás das palavras humanas, que vamos entrar em sintonia com Deus. É sobretudo pela oração na fé, descobrirmos quem é esse que nos transcende.

O povo de Deus sempre teve consciência de que Ele se lhe manifestava na história concreta. Por isso os profetas apresentam-se ao povo como as mais qualificadas testemunhas de uma palavra dita por Deus a Israel, e como interpretes qualificados dos acontecimentos históricos, nos quais também Deus se integra para falar com o seu povo. Deste modo, o Deus da bíblia é um Deus-falante, um Deus interveniente na história, um Deus que nunca se cala por chamar o seu povo à salvação.

Cristo, filho de Deus-falante que se fez homem, será chamado Logos = palavra, porque disse e testemunhou tudo quanto viu e ouviu da parte do pai e os apóstolos apresentam-se como testemunhas, não só das palavras de Cristo, mas também de todos os acontecimentos da sua história terrena.
Os modernos estudos sobre a linguagem dizem que a palavra é um facto interpessoal, um ser para o outro de modo a estabelecer uma mensagem. A palavra torna-se pois um veiculo de entrega do mistério de uma pessoa a outra. 
O grau máximo da comunicação interpessoal pela palavra é a do Logos (palavra eterna) que, de tal modo se entregou aos homens, que Ele próprio (Deus) se fez homem em Jesus Cristo. No entanto, não o recebemos, recusamos o dialogo que Deus quis manifestar e comunicar-se.
A palavra embora não elimine completamente a distância que separa o homem do seu Deus, encurta tal distancia e faz com que, por meio de tal gesto gratuito e amoroso ele se torne o Emanuel. Se Deus se revela na e pela palavra, é para tornar o homem participante da sua vida divina. A revelação de Deus em Jesus De Nazaré torna-se uma auto-doação do próprio Deus ao Homem de tal modo atinge o seu máximo grau de amor quando Jesus morre crucificado.

Por isso a palavra de Deus pronunciada na Cruz é essencialmente ambivalente e paradoxal: por um lado significa tragédia do corte da ligação entre emissor-Deus e receptor-homem e por outro lado, exprime a sumidade do amor, a Palavra mais significativa alguma vez dita por Deus a toda humanidade. Revelação por parte de Deus e obediência da fé por parte do homem, são os dois elementos essenciais para existir comunicação entre o homem e Deus porque as leis da comunicação da palavra de Deus não são iguais as leis da comunicação da palavra humana e ainda bem.

O DINAMISMO INTERNO DA PALAVRA DE DEUS

Só Deus pode iniciar todo este processo: alto-baixo (Deus-homem), de seguida Homem-homem, baixo-alto. A palavra de Deus que desce em favor do homem, realiza-se de diferentes maneiras ao longo da história da salvação mas assume a sua realização plena em Jesus, palavra encarnada (logos). Por outro lado esta palavra só pode ser elevada a Deus depois de se realizar para com os outros homens, ou seja, só a palavra que foi filtrada pelo amor ao irmão pode ter eco no coração de Deus-amor. Neste processo de dialogo é sempre Deus que o alimenta pela fé e o homem é naturalmente renitente em manter o dialogo com o Deus que se "mostra". É aqui que reside o pecado mais grave do homem porque em vez do homem dialogar com este Deus da bíblia, prefere o monologo simples, adoração de ídolos, a oração de uma suplica a um Deus transcendente (que nos ultrapassa).
A palavra de Deus é apelo permanente a compromissos concretos que nos levam a decidir com coerência os projectos de Deus, só que infelizmente o homem não consegue aceitar planos que não sejam os seus. Portanto, a linguagem da revelação não difere muito da linguagem do amor que tem como características fundamentais o acolhimento, o dialogo, a reciprocidade e a comunhão profunda entre duas pessoas.

PERÍODO APOSTÓLICO 

Caracteriza-se pelo nascimento do Novo Testamento como escritura, a começar pelas cartas de S.Paulo, pelos quatro evangelhos e pelos outros escritos do Novo Testamento. O grande problema para os primeiros cristãos foi precisamente o que saber fazer com o Novo Testamento, se o junta ao Antigo ou se este é eliminado. Dito doutra maneira, ou Moisés ou Cristo. Deixar de ser judeu para ser cristão? Ou ser cristão e continuar a ser Judeu?

Segundo Paulo, diz que a Igreja do Novo Testamento é a Nova Israel. Para ele existe má continuidade orgânica entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento e uma interdependência mutua. Cristo ilumina o Antigo Testamento e o Novo Testamento tem as suas raízes no Antigo Testamento.
Não devemos esquecer um outro principio que orientou os primeiros cristãos, no que diz respeito a Palavra.... É o critério da TRADIÇÃO APOSTÓLICA - categoria teológica que se refere a doutrina de Jesus transmitida fiel e eficazmente pelos apóstolos. Eles são os canais puros e límpidos da transmissão da revelação de Deus aos Homens, que transparece na pessoa de Jesus.
É efectivamente, este critério da "apostolicidade" dos escritos do Novo Testamento que vai ter má importância decisiva na determinação nos livros considerados inspirados - cânon do Novo Testamento. A consciência da inspiração do Antigo Testamento para ao Novo Testamento foi apenas um passo. Se os apóstolos transmitiram fielmente a palavra de Jesus, os seus livros ou a eles atribuídos porque escritos na sua dependência, serão também inspirados pelo Espirito Santo apesar da oralidade ser muito mais frequente que a escrita.
Nesta altura não faltava quem se armava em profeta e comentador da palavra e era necessário saber quem era a favor da igreja ou não, e por isso era necessário encontrar normas, regras da fé e são elas as seguites:
1- tradição apostólica como sinal de presença do espirito de Jesus na Igreja ;
2- inspiração como grande verdade de Deus presente na bíblia ;
3- cânon 
4- leitura do Antigo Testamento pela perspectiva do Novo Testamento.

QUAL ERA O CANNON DOS LIVROS INSPIRADOS NO TEMPO DE JESUS?

É sabido que a época apostólica e patrística se caracterizavam pelo grande esforço em determinar quais os livros considerados inspirados por Deus. A grande pergunta seria qual era a bíblia cristã?
Certamente e sem margem para duvidas ou contestações por escolas do judaísmo, os livros inspirados no tempo de Jesus era o Pentateuco, que são o que de mais sagrado os judeus tinham juntamente com o templo de Jerusalém. Os outros livros da bíblia receberam a dominação genérica de Profetas.
Por volta do ano 130 a.C é-nos testemunhado no prólogo de Ben-sirá:  
" Muitos e excelentes ensinamentos nos foram transmitidos pela LEI, pelos PROFETAS e por outros ESCRITOS que lhes seguiram " 

Esta menção de escritos leva-nos a considerar uma outra divisão dos livros da Bíblia, existente antes e depois de Cristo no Judaísmo: Lei, profetas e escritos (Torah, Nebiim, Ketubiim, que é costume resumir em TANAK). 
Os Escritos seriam, portanto, os Salmos, os Provérbios, Job, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester (até 10,3), Daniel (excepto algumas partes deuteronomio-canónicas) Esdras, Neemias e 1 e 2 Crónicas. A Bíblia Grega ou dos LXX, acabada no séc.I a.C, já os inclui a todos e os apóstolos não tiveram dificuldadem em aceitar.

QUANDO FOI FEITA A LISTA DEFINITIVA DOS LIVROS DA BÍBLIA?

Podemos considerar que em Israel, a consciência de um determinado conjunto de livros considerados como palavra de Deus existira desde muito cedo. Porém, só ao fim de séculos de reflexão é que se chegou a consciência que só alguns livros eram tomados como verdadeira palavra de Deus, ou seja, livros inspirados, são chamados os livros canónicos.
Porque é que os judeus da palestina eliminaram alguns livros dizendo que não eram inspirados?
Primeiro queriam que um homem santo ou um profeta assegurasse que só alguns livros eram inspirados por Deus, como se a inteligência absoluta dependesse dele e não foi desde logo aceite pelo povo. O segundo motivo tem a ver com a Terra Santa, porque os livros nevariam ser só escritos na terra de Israel. Ora tal facto leva-nos a dizer que Deus só fala para alguns e não para todos, privando-O d sua liberdade e vontade de se manifestar a todos os Homens. Por ultimo, o critério do cânone que não existia, pelo menos um concreto. No tempo de Jesus não havia um cânone definido nem concreto da lista dos livros da Sagrada Escritura.

A partir da destruição de Jerusalém no ano 70 d.C, os mestres judeus fundaram uma espécie de escola teológica onde tentaram criar um cânone eliminando os do segundo cânone (Deutero-canónicos) em reacção contra o Cristianismo. Dizendo para eles que a Lei é aquela que sempre tiveram e nada se acrescenta. Ora esta bíblia foi aquela que Martinho Lutero e as outra igrejas tomaram no século XVI. Isto quanto ao Antigo Testamento.

COMO NASCEU O CÂNONE DO NOVO TESTAMENTO?

Com o desaparecimento dos primeiros apóstolos e dos seus companheiros, começa-se a sentir a necessidade de textos escritos autênticos que fixem para sempre as palavras do SENHOR, que são palavras de vida, santificam e dão sentido.
O cânone do Novo Testamento nasce a partir de dois grande conjuntos de livros: as cartas de Paulo que desde muito cedo e tornaram livros inspirados devido à leitura publica que se fazia nas assembleias liturgias e o conjunto dos 4 Evangelhos.
Nesta altura começa a sentir-se a necessidade de criar uma lista de livros que tivesse origem apostólica, isto porque começaram a existir grupos heréticos sem escrúpulos que falavam em nome dos apóstolos   Sobre a vida de Jesus. Não foi fácil resolver este problema na altura, e só se resolveu atribuindo aos textos um principio de conteúdo teológico para determinar a canonicidade dos textos, era simplesmente o seu uso liturgico.
Firmadas as certezas e vencidas certas duvidas a respeito de alguns livros, chegamos ao século IV, e é aqui que se consolida e se define o cânon praticamente como o temos hoje, tanto do Antigo como do Novo Testamento.
A necessidade de afirmar esta universalidade da Igreja e unidade da Igreja levou a o concilio Vaticano II a encorajar edições da bíblia chamadas ecuménicas ou interconfessionais, editadas juntamente por católicos e protestantes. O que mais interessa hoje não é saber quem tem pião razão, mas o mais importante é viver a palavra de Deus que realmente é em ambas, é isto que o Senho nos fala.

A BÍBLIA E OS TEÓLOGOS

Os métodos da interpretação da bíblia continuam a ser os da patrística: vejamos o termo Jerusalém no sentido:
Literal - indica a cidade histórica de Jerusalém
Alegórico - indica a Igreja
Moral - indica a minha ligação com Deus
Anagógico - significa a Jerusalém Celeste.

PRINCÍPIOS HERMENÊUTICOS DE LUTERO

Teremos que ter em conta que não foi ele quem começou o movimento de desagregação do papado. Tão pouco foi Martinho Lutero quem traduziu a bíblia para as línguas modernas, no entanto, temos de reconhecer a Lutero, o grande mérito de ver o Cristianismo através do espelho da palavra de Deus.

A) a Escritura, centro de vida da Igreja
Somente a Sagrada Escritura que tem a centralide absoluta e a absoluta superioridade na existência Cristã e no trabalho do Teólogo. O que Lutero faz é considerar a Sagrada Escritura como algo absoluto. Todas as outras ciências devem curvar-se perante a autoridade da Escritura. O mal de Lutero está também em considerar a Escritura apenas e só a Bíblia escrita, mas onde paira sobre ela o Espirito Santo para ele?... 

B) a Apostolicidade da Escritura
Para Lutero a palavra tem dois sentidos bem diferentes dos tradicionais: palavra escrita e a palavra dita. A palavra escrita é normal da palavra oral, ou seja, só se escreve aquilo que se diz. Mas reconhece também que, ao principio, a palavra foi oral e só por razoes de necessidade é que a palavra foi escrita. O valor da norma vem da apostolicidade que significa um permanente apelo e ligação a Cristo e torna-se comunicação de Cristo aos seus discípulos. Aqui se encontra, portanto, a ligação estreita ente sagrada escritura e Jesus Cristo. Diz ele que Cristo é rei e Senhor da Sagrada Escritura, assim como critério decisivo da sua autenticidade, isto é, só o que fala de Jesus Cristo é verdade indiscutível.
Ora geral critério é m perigo para a Sagrada Escritura porque todos os textos que não anunciem Cristo deixam de ter autenticidade.

C) Autoridade da Sagrada Escritura
é a igreja que deve obedecer á Escritura, este é o principio de autopistia, ou seja, a Escritura é credível em si mesma, logo interpreta-se a si mesma. Lutero da uma explicação deste principio: se foi o Espirito que inspirou a palavra de Deus, é Ele o único que é qualificado para interpretar. Ora tal explicação leva ao homem obedecer a fé só porque tem de ser e tira-nos a liberdade, já para não dizer que é completamente arbitrário decidir-se por quem fala.
Lutero entende a apostolicidade não no sentido histórico mas no sentido cristologico.. Tudo o que fala de Cristo é apostólico e o que não fala não é.

Aqui desaparece a força da TRADIÇÃO para a formação do cânon dos livros inspirados, assim como o principio de catolicidade. Para Lutero "sola fidei".
Outro principio importante da visão bíblica de Lutero é o da "sola gratia", ou seja, só a graça importa, é a fé na Palavra e a acção do Espirito Santo.
Outro principio é o da "sola escriptura", cada indivíduo encontra na Bíblia sem a Tradição da Igreja e do seu Magistério, o caminho para a salvação.

A QUE SE CHAMA LIVROS DEUTERO-CANÓNICOS

São os livros sobre os quais se pesou algumas duvidas acerca da sua canonicidade e por isso não fazem parte dos livros considerados inspirados nas Bíblias protestantes. Mas PORQUE?
Porque seguiram rigorosamente a Bíblia Hebraica.

A Bíblia dos XLL, assim chamada devido a uma lenda que referia setenta tradutores do texto hebraico, não se ficou por uma simples tradução. Além de muitas liberdades de interpretação, em certas passagens consideradas difíceis, os seus autores inseriram outros livros que consideravam como Palavra de Deus. Aparecendo nos séculos III-I a.C, os seus livros próprios (Deutero-canónicos) são tão antigos como os outros da Bíblia Hebraica da Palestina.